“As Mãos de Minha Mãe”, de Evaldo Balbino
Uma homenagem à dona Laura
Na sexta-feira, 21 de outubro, aconteceu no Centro de Convenções Lilia Lara, da Escola Municipal Conjurados, o lançamento do livro “As Mãos de Minha Mãe”, do professor, escritor e poeta resende-costense Evaldo Balbino.
Livro
Em conversa com o JL, Evaldo contou como surgiu a ideia de escrever um livro em homenagem à sua mãe, dona Laura, que faleceu no início deste ano. “A ideia do livro surgiu após o falecimento de minha mãe, em maio de 2022. Na verdade, na minha ficção, ou seja, nas reconstruções que faço da vida, minha mãe sempre esteve presente. Sempre foi recriada nas minhas palavras, como toda a vida que se recria no ato da escrita literária. Daí juntei crônicas que eu já tinha escrito em homenagem à minha mãe, boa parte já publicada nos livros “Móbiles de areia” (2012), “Apesar das coisas ásperas” (2016) e “Geografia entre brumas (2022), e algumas outras publicadas no Jornal das Lajes, em 2021 e 2022, e no Jornal Linguagem Viva, de São Paulo, em 2022. Um livro de crônicas, todo ele sobre minha mãe (tendo-a como figura central), veio à tona, pois, após a perda da presença física da minha genitora neste plano terreno.”
O escritor fala também fala sobre o processo da escrita, ou seja, quando começou a elaborar a homenagem à sua mãe. Momentos de história e de lembranças. “O que temos no livro, na verdade, são fragmentos da ‘história’. São momentos da vida de minha mãe conosco recriados. Sempre deixo as lembranças fluírem e as vou organizando no ato da escrita. Escrever é busca de estrutura para o que não tem estrutura certa, ou seja, para a vida. Com o falecimento de minha mãe, pensei sim na estrutura do livro como um todo, na organização dos textos dentro da brochura. Mas eles não comparecem na obra seguindo rigorosamente a cronologia em que foram escritos e publicados em jornal. Para o livro, pensei em uma estrutura, que culmina com um ‘Canto de louvor à minha mãe’”, diz Evaldo.
Além disso, ele fala como é ter sua mãe como sua maior fonte de inspiração. “Para mim, minha mãe foi, é e sempre será uma dádiva. Com tanto amor e tanta dedicação a nós oferecidos por ela, não há como não amar infinitamente sua presença entre nós. Presença sempre eterna. Minha mãe sempre gostou de contar histórias, ouvi-las e lidas. E, claro, ela as recriou no ato de contá-las. Aprendi esse amor pelas palavras e pelo contar com ela.”
Rememorar fatos e reviver lembranças. Evaldo conta como foi trabalhar com os sentimentos. “Lembrar é bom, mas a saudade dói. Escrever, então, passa a ser uma busca de presentificação daquilo que nos falta. No caso das crônicas deste livro em específico, a dificuldade se deu na escrita dos textos “Miserere” e “Canto de louvor à minha mãe”. Dificuldade não da escrita em si, mas em relação à dor pela perda recente de minha mãe. Foi da dor agudíssima que nasceram esses dois textos que arrematam o livro.”
Evaldo Balbino já planeja outro lançamento em homenagem à sua irmã caçula, falecida neste ano. “Projeto no mesmo sentido sim. Tenho uma série de crônicas, já publicadas no Jornal das Lajes, sobre alguns de meus antepassados e sobre minha irmã caçula, Aline Tamires, falecida mais recentemente (agosto de 2022). Pretendo reorganizar esses textos num livro.”
O autor
Evaldo Balbino é poeta e escritor, natural de Resende Costa. É licenciado em Letras, Mestre em Literatura Brasileira e Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde é professor de Português no Centro Pedagógico, pesquisador de literatura e professor do Mestrado Profissional em Letras (na Faculdade de Letras). Tem Pós-doutorado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP) em 2017. É membro e atual presidente da Academia de Letras de São João del-Rei (ALSJDR).